Quantos já nos visitaram

sábado, 31 de agosto de 2013

BEM VIND@S HERMANOS E HERMANAS .CUBANA/OS


SEJAM MUITÍSSIMO BEM VINDOS HERMANOS CUBANOS! E VIVA A DIÁSPORA QUE AINDA SE PROCESSA, LEVANDO COMPETÊNCIAS, CONHECIMENTOS, HABILIDADES. UM DIA TEREMOS TAMBÉM, BASTANTES NEGRAS E NEGROS MÉDICAS E MÉDICOS.
UM ABRAÇO AMAZONEGRINOS EM TODAS E TODOS VOCÊS, PRECISAMOS DE VOCÊS.

COLEGIADO NACIONAL SETORIAL DE CULTURAS AFRO-BRASILEIRAS - CONFERÊNCIAS LIVRES

Considerando que o COLEGIADO NACIONAL SETORIAL DE CULTURAS AFRO-BRASILEIRAS do CNPC/MinC, indica aos agentes das culturas afro-brasileiras a realização de Conferências Livre de Culturas para a setorial, solicitamos” 1.O registro da realização da Conferência Livre Nesta Plataforma; https://docs.google.com/forms/d/14xHtWiTV2k6PRNHQmz9aG96ZKyhdCasqBbMjaLE7bcM/viewform

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

MOVIMENTO NEGRO - MARCHA PELOS DIREITOS CIVIS NOS EUA, EM 1963 E A NOSSA III CONAPIR.

Vem ai a nossa III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, com o Tema: Democracia e desenvolvimento sem racismo: por um Brasil afirmativo’.
"A III Conapir será realizada em Brasília (DF) de 5 a 7 de novembro de 2013. Cerca de 1,4 mil pessoas, sendo 200 convidados (autoridades, personalidades e representantes de entidades nacionais e internacionais), e 1,2 mil delegadas(os) participam do evento." (SEPPIR)
E hoje, dia 28 de agosto de 2013 teremos o início da III Coepir Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial de Rondônia, que acontecerá no Rondon Palace Hotel, na Av. Jorge Teixeira, com Solenidade de Abertura e Palestra Magna, as 19:00, com a Secretária da Ministra Luiza Bairros, a Senhora Lucy Góes da Purificação.
Temos cerca de dez anos para "CONFERIR", consolidar conquistas, corrigir distorções e aperfeiçoar ferramentas de gestão, na perspectiva de uma Governança Popular, ou Progressiva, no aperfeiçoamento da República e do Processo Civilizatório. E para refletir sobre a parte que toca ao movimento negro do do nosso país, Brasil associamos um referencial das experiências acumuladas na Diáspora Africana, a experiência dos afroamericanos.(MOCAMBO CULTURAL) 
Curtir (desfazer) ·  ·  











· 
á 54 minutos ·

25 de julho : Primeira Marcha de Negros sobre Washington em favor dos Direitos Civis ( EUA-1963)
FONTE:
Calendário "Datas para conhecer e pesquisar" (Prefeitura de São Paulo, 2007)
 Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Pesquisadores desmistificam suposta ausência de negros na Amazônia

Em livro, pesquisadores desmistificam suposta ausência de negros na Amazônia

Obra produzida por 13 pesquisadores relata a influência da presença negra na literatura, na educação e nas manifestações culturais da região

    A Escola de Samba Reino Unido da Liberdade na comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra, no Centro da Cidade

    A Escola de Samba Reino Unido da Liberdade na comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra, no Centro da Cidade (Antônio Lima)

    Pesquisas inéditas e pioneiras sobre comunidades quilombolas, escravidão, alforrias, fugas escravas, a influência negra na literatura e na educação, festejos e manifestações culturais e racismo são abordadasno livro "O Fim do silêncio: presença negra na Amazônia", obra coletiva que reúne 13 pesquisadores  e uma perspectiva renovada sobre a influência dos negros na região.
    “O livro é resultado de anos de pesquisa e meses de trabalho na organização dos temas. Ele vem para desmistificar um discurso secular de que na Amazônia não existiram negros nem escravidão e dar fim a esse silêncio. A presença negra é efetiva, significativa e marcou a história da nossa região, nos ajudando a desvendar o passado e entender o presente”, conta a historiadora Patrícia Melo Sampaio, organizadora da publicação.
    Pesquisa
    O livro, de 312 páginas, é resultado dos trabalhos finais de curso dos alunos das turmas de mestrado/doutorado em Sociedade e Cultura na Amazônia e de mestrado em História da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), e foi produzido com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam) e do CNPq.
    A obra, que foi construída ao longo do ano passado e organizada este ano, reúne pesquisadores de diferentes níveis, de alunos de mestrado a doutores em história, destacou Patrícia.  
    O grupo de pesquisa de História indígena e Escravidão africana na Amazônia, criado pela historiadora em 2000, também fundamentou as pesquisas, conta ela. “É um livro que tem muitas facetas e trata de diferentes aspectos da presença negra na Amazônia. Ele é resultado de uma ampla e sólida pesquisa e vai além do discurso.”
    Revelações
    Parte importante da história negra na Amazônia deve ser recontada  a partir das pesquisas apresentadas no livro, disse Patrícia. A alforria escrava no Amazonas, tema do estudo do historiador Provino Pozza Neto, é uma delas. De acordo com a organizadora da obra, Neto revela informações de cartórios de Manaus que desvendam o mito de que  a elite do Amazonas era a mais abolicionista do Brasil.
    “Pelo contrário, a pesquisa mostra que 60% das alforrias de negros do Amazonas foi paga pelos próprios escravos, a maioria mulheres que trabalharam a vida inteira e guardaram recursos para comprar sua liberdade. Isso desmistifica um discurso de ideal abolicionista da sociedade amazonense”, apontou.
    Outra pesquisa inédita presente na obra foi produzida pelo pesquisador Ygor Cavalcante. No capítulo “Fugido, ainda que sem motivo”, ele relata como famílias inteiras de escravos usavam o Amazonas como uma rota de fuga do Pará, atravessando áreas de várzea, desbravando a floresta e cortando rios, até chegar a Manaus ou à fronteira com o Peru.       
    Autores
    Participam do livro os autores Ygor Olinto Rocha Cavalcante, que conta histórias de escravidão, liberdades e fugas no Amazonas imperial, Provino Pozza Neto, que trata das alforrias, Luís Carlos Bonates, relatando a história da Capoeira no Amazonas, Emmanuel de Almeida Farias Júnior, pesquisador dos quilombolas, e Maria José Nunes, no capítulo sobre negros e mulatos na selva.
    As manifestações culturais também são retratadas por Sérgio Ivan Gil Braga, nas ‘danças e andanças’ negras, Jamily Souza, que  conta a história da festa de São Benedito e Sidney Barata, que relata as experiências da cultura hip-hop. Por fim, os pesquisadores Arlete Anchieta e Gláucio Gama relatam a presença de estudantes universitário negros, enquanto Ednailda Santos fala dos docentes negros na Ufam.
    A obra teve lançamento neste domingo, no Museu Amazônico, na rua Ramos Ferreira, Centro.
      FONTE/LINK: 
    http://acritica.uol.com.br/amazonia/Amazonia-Amazonas-Manaus-quilombolas_Livro-presenca-Amazonia-lancado-domingo_0_597540630.html#.UhvC67pcY8k.facebook

    quinta-feira, 22 de agosto de 2013

    GÊNERO NAS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS - PALESTRA IMPERDÍVEL - NA UNIR

    O MOCAMBO CULTURAL NÃO SÓ SOCIALIZA, DIVULGANDO ESTE EVENTO, MAS O RECOMENDA, POIS NILZA MENEZES É UMA DAS PESQUISADORAS QUE ABRE CAMINHOS PARA PESQUISAS DE UM TEMA DOS MAIS CONTEMPORÂNEOS, E TRAZ LUZES PARA UM FENÔMENO CRUCIAL NOS ESTUDOS DAS EXPERIÊNCIAS DOS POVOS NEGROS EM SUAS DISPERSÕES, NA DIÁSPORA AFRICANA.

    terça-feira, 13 de agosto de 2013

    IDENTIDADE - JORGE ARAGÃO


    O HAITI PIOROU LÁ NO ACRE:VEJA A MATÉRIA DO "CONECTAS DIREITOS HUMANOS"

    O Mocambo Cultural - Coletivo de Artistas e Articuladores Negros, foi um dos coletivos que articulou as denúncias, além de apoio aos irmão da diáspora africana do Haiti, em Porto Velho, Rondônia. A Rede Amazônia Negra - RAN, alertou diversas vezes a SEPPIR, no Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, denuncio á própria Ministra Maria do Rosário, por ocasião do Fórum Social Temático de Porto Alegre, alertou a Ouvidoria Nacional, o conselheiro Francisco das Chagas Silva - Prof. CHIQUINHO -, pedia apoio dos seus pares no CNPIR, mas parecia que era São João Batista, ou que fazia contação de estória. E além da tragédia humana configurada na gestão da sociedade política do Acre, não se sabe ainda direito o que ocorreu ou ainda ocorre em outra fronteira, no estado do Amazonas. 

    Agora vejam abaixo, essa matéri publicada no CONECTA DIEREITOS HUMANOS:

    Brasil esconde emergência humanitária no Acre

    Campo de ‘refugiados’ abriga mais de 800 haitianos em condições desumanas. Para Conectas, Brasil maquia crise internacional e deve articular solução urgente no âmbito da ONU e da OEA




    O governo brasileiro faz uso há meses de um jogo de palavras – entre migração e refúgio – para minimizar a grave crise humanitária instalada na cidade acreana de Brasiléia, na fronteira com a Bolívia, 240 km a sudoeste da capital do Estado, Rio Branco.



    Mais de 830 imigrantes – quase todos, haitianos – vivem confinados num galpão, com capacidade para apenas 200 pessoas, em condições insalubres de higiene, repartindo o uso de apenas 10 latrinas e 8 chuveiros, onde não há distribuição de sabão nem pasta de dente, o esgoto corre a céu aberto e as pessoas são empilhadas durante meses num local de 200 m2, com teto de zinco, no qual lonas plásticas negras servem de cortina, sob temperaturas que chegam aos 40 graus. O hospital local diz que 90% dos pacientes provenientes do campo têm diarreia. O local já abriga 4 vezes mais pessoas do que deveria e 40 novos haitianos chegam todos os dia.



    “É insalubre, desumano até. Os haitianos passam a noite empilhados uns sobre os outros, sob um calor escaldante, acomodados em pedaços de espuma que algum dia foram pequenos colchonetes, no meio de sacolas, sapatos e outros pertences pessoais. A área onde estão as latrinas está alagada por uma água fétida, não se vê sabão para lavar as mãos e quase todos com os que conversamos se queixam de dor abdominal e diarreia. Muitos passam meses nessa condição”, disse João Paulo Charleaux, coordenador de Comunicação da Conectas, que esteve no local.




    Conectas realizou uma missão a Brasiléia do dia 4 ao dia 6 de agosto, onde gravou 20 entrevistas com moradores do campo, conduzidas pela pesquisadora convidada da Conectas Gabrielle Apollon, no idioma creole, falado pelos haitianos. Gabrielle já havia feito previamente outras 27 entrevistas com haitianos que conseguiram chegar a São Paulo, totalizando mais de 20 horas de depoimentos gravados. Nas histórias, eles contam como chegam ao Brasil depois de gastar até US$ 4 mil em pagamentos a atravessadores no trajeto desde o Haiti.




    Os haitianos também dizem que a concessão de ‘visto humanitário’ na Embaixada do Brasil em Porto Príncipe não funciona como prometido – atravessadores cobram taxas, não há informação clara sobre os procedimentos, é difícil conseguir atendimento e tem sido pedido currículo para favorecer o que se chama “imigração qualificada” ao Brasil, sem levar em conta justamente o caráter “humanitário” que este visto deveria ter, de acordo com o próprio governo brasileiro.




    “Posso dizer que o que vivemos aqui em Brasiléia não é para um ser humano. Eles nos colocaram de novo no Haiti que tínhamos logo após o terremoto: a mesma sujeira, o mesmo tipo de abrigo, de água, de comida. Isso me machuca e me apavora. Eu sabia que o caminho até aqui seria duro, porque você está lidando com criminosos, mas, ao chegar aqui no Brasil, estar num lugar desses é inacreditável”, disse o haitiano Osanto Georges, de 19 anos.



    No campo superlotado, as brigas para formar filas são constantes. “No dia em que chegamos, a polícia sacou arma de fogo para controlar um distúrbio. É evidente que se trata de uma tarefa complexa demais para ser gerida da forma como está sendo. A situação no campo é semelhante em muitos aspectos ao que eu mesmo vi quando estive no Haiti, pouco após o terremoto, em 2010. Trata-se de uma questão regional, que envolve, pelo menos cinco países: Brasil, Peru, Bolívia, Equador e Haiti. Pediremos a realização de uma audiência temática na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA e enviaremos nossas constatações a dois relatores independentes da ONU, um para migrantes e outro designado para acompanhar a situação de direitos humanos no Haiti”, disse Charleaux.




    Membros da organização também entrevistaram in loco médicos do hospital de Brasiléia, policiais, membros do Ministério Público Federal e do Conselho Tutelar e autoridades de governo, em Rio Branco, além de diversos moradores da cidade acreana. A organização também usou duas vezes a Lei de Acesso à Informação para obter de diversos ministérios, em Brasília, informações acuradas sobre a situação. Na maioria dos casos, os nomes das fontes estão omitidos obedecendo a pedidos expressos de funcionários públicos que não possuem autorização formal para falar em nome das organizações para as quais trabalham.




    ‘90% tem diarreia’



    Quase todos os haitianos entrevistados pela Conectas entre 4 e 6 de agosto se queixaram de dor abdominal e diarreia. Conectas visitou o Hospital Raimundo Chaar, de 46 leitos, responsável por atender casos de urgência e emergência na cidade. De acordo com membros da equipe, já houve surtos de diarreia que levaram 40 haitianos ao pronto socorro de uma só vez. Um dos funcionários explica que o hospital não recebe nenhum recurso adicional para lidar com o fluxo de haitianos. “Os políticos estão tratando isso aqui como se fosse um assunto de diplomacia, mas, enquanto isso, todos os dias, estamos importando miséria e doença sem poder lidar com isso”, disse, revelando parte do preconceito e rechaço preocupantes na cidade. A informação é confirmada por plantonistas, que se dizem espantados com o fluxo de novos pacientes. Segundo eles, são atendidos em média 4 haitianos por dia, mas no dia em que o hospital recebeu a Conectas, houve 10 atendimentos de haitianos do campo, só no período da manhã. A consulta é feita sem o auxílio de tradutores e, segundo as fontes ouvidas no local, “90% dos casos são de diarreia e 10% de doenças respiratórias”. As pessoas responsáveis pelo atendimento disseram nunca ter entrado no campo e receberam com surpresa a informação sobre as condições de higiene no local.



    ‘Vai piorar’



    De acordo com o coordenador do campo, Damião Borges, do Governo do Estado do Acre, o campo vem recebendo 40 novos haitianos por dia, apesar de a última alteração estrutural ter ocorrido há quatro meses. Ele diz que o aumento do número de recém chegados, combinado com a diminuição da oferta de vagas por parte de empresas que antes buscavam trabalhadores no campo, está criando um caos social para os próprios haitianos no Brasil. “Isso precisa ter um fim porque nossos recursos se esgotaram. O Estado tem uma dívida de R$ 700 mil com a empresa que provê alimento para o abrigo e o prazo para pagar termina no dia 15 de agosto. Precisamos urgentemente que o Governo Federal nos ajude. Aqui foi posto R$ 4,5 milhões pelo Governo do Estado e R$ 2 milhões pelo Governo Federal, em 2 anos e 8 meses. Mas o peso, mesmo, quem carrega, é a cidade de Brasiléia. Isso não pode estar a cargo de um município pequeno e modesto como esse”, disse. A Conectas foi informada, durante a missão, que há 3 meses não há repasse de verba do Governo Federal para o Estado do Acre destinado ao atendimento dos migrantes haitianos. Mais grave, não há previsão de novas remessas.



    Queixas sobre água e comida



    O maior número de queixas recebidas no campo diz respeito à qualidade da água e dos alimentos consumidos. O local possui um único ponto de distribuição de água potável, um filtro industrial, com três torneiras. Para a administração, as dores abdominais são causadas pelo efeito do cloro, que “provoca diarreia de três dias em pessoas que possuem muitas amebas no organismo”. Outro aspecto negativo mencionado é a má qualidade dos alimentos, que, para os gestores do serviço, tem a ver com a diferença de paladar e de hábitos alimentares entre brasileiros e haitianos. Ainda que os problemas relatados se deem por essa razão, pouco se tentou para alterar substancialmente o cardápio. As refeições são distribuídas em marmitas de papel alumínio enquanto a Polícia Militar monta guarda ao lado da fila de mais de 800 pessoas. Os relatos de brigas nas filas são frequentes. 



    Crianças desacompanhas e indocumentadas



    Outro local visitado pela Conectas foi o Conselho Tutelar de Brasiléia, por onde passaram 20 casos de crianças e adolescentes haitianos sem documentos ou separadas dos pais. Mas, no dia 7 de agosto, quando a missão da Conectas já havia regressado a Rio Branco, 5 crianças haitianas chegaram ao campo. “Estamos muito além de nossas modestas capacidades. Esse, para mim, é o pior momento, desde que os haitianos começaram a chegar”, disse um dos membros do Conselho Tutelar. Apesar do aumento de trabalho, não houve, segundo a fonte, nenhum aporte adicional de recursos, estrutura material ou funcionários desde o início da crise. Ao todo, 5 conselheiros trabalham no local, atendendo todos os problemas relativos a crianças e adolescentes na cidade. “De repente, uma pequena cidade como essa tem de lidar com um fenômeno deste tamanho, sem sequer receber qualquer preparação”, complementou. Entre os haitianos, há inúmeros relatos de roubo de documentos – entre muitos outros pertences – no caminho até chegar ao Brasil.



    Comunidade local



    “Brasiléia é um barril de pólvora que pode explodir a qualquer momento. Os moradores não aguentam mais essa situação. Isso pode se desdobrar em ações de hostilidade”, disse à Conectas, em Rio Branco, uma autoridade do Governo do Estado do Acre. A declaração reflete o estado de espírito dos moradores desta cidade pequena, de apenas 20 mil habitantes. Embora os moradores mostrem compreensão e solidariedade com os haitianos, as manifestações de cansaço e descontentamento são cada vez mais frequentes. Os moradores do campo competem por vagas com os moradores locais nos postos de saúde, supermercados, padarias, agências bancárias, farmácias, correios e demais serviços públicos.



    Funcionários



    Uma das constatações evidentes é a desproporção entre o número de funcionários e o número de moradores no campo. Ao longo de três dias, apenas 2 funcionários trabalharam em período integral no campo, atendendo diretamente os 832 haitianos, num pequeno trailer com um computador e um ventilador. Apesar da dedicação integral, os funcionários são locais, não falam o idioma dos haitianos e não receberam o treinamento necessário, nem possuem experiência prévia na gestão de questões humanitárias, aplicando a este contexto complexo a lógica de atendimento a ocorrências próprias de uma pequena cidade. Não basta boa vontade e dedicação. Apesar das constantes viagens ao local de membros do Governo do Estado do Acre, baseados em Rio Branco, faz-se necessária a constituição urgente de um corpo de trabalhadores familiarizados com crises humanitárias para gerir o campo.



    Comunicação



    O campo e o hospital não dispõem de nenhum tradutor. Os poucos funcionários tentam falar espanhol, mas os haitianos, na imensa maioria dos casos, falam apenas creole. As instruções para formar filas ou entregar documentos são feitas no grito, o que aumenta a incerteza e a ansiedade dos haitianos, que muitas vezes se aglomeram e brigam por espaço diante do pequeno trailer da Polícia Militar, que serve de escritório da administração do campo. Não há nenhuma senhalética no campo, ou serviço de amplificação de voz. Os poucos cartazes em creole estão escritos à mão. No campo, não há cartazes sobre DST/Aids nem sobre hábitos de higiene, assim como cartilhas sobre direitos ou qualquer outro material comunicacional com orientação aos recém chegados.



    Refúgio x Visto Humanitário



    Todos os residentes do campo são oficialmente solicitantes de refúgio, por orientação do próprio Governo, que, após 6 meses de análise dos pedidos, prorrogados por mais 6 meses, nega a concessão do refúgio a todos os haitianos.



    Este arranjo legal, enquadrado numa política chamada pelo Brasil de “visto humanitário”, evita a deportação dos haitianos que chegam ao País, uma vez que a lei proíbe a deportação de solicitantes de refúgio durante o período de tramitação do pedido. O improviso, entretanto, está fazendo com que uma grave crise humanitária – originada por uma situação de violência interna, seguida de diversos desastres naturais, o último deles um terremoto responsável pela morte de 220 mil pessoas no Haiti – seja tratada como um simples problema migratório no Brasil. “A principal consequência disso é uma abordagem improvisada, amadora e descoordenada, que sobrecarrega o pequeno município de Brasiléia e sua população, quando, na verdade, deveria ser gerida por especialistas em emergências humanitárias desta complexidade. Do ponto de vista humanitário, a questão do nome do visto que se dê é agora menos urgente do que as condições brutais enfrentadas no campo. Esta política de visto humanitário está sendo tudo, menos humanitária”, disse Charleaux.


    + desta série:
    Conectas recolhe 20 depoimentos em Brasiléia
    Vivendo em condições insalubres, eles relatam a tortuosa viagem do Haiti ao Brasil, passando por extorsões, prisões e roubos de dinheiro e documentos, até desembarcarem num campo superlotado no Acre

    Veja as recomendações enviadas ao Brasil e órgãos internacionais sobre a crise
    Federalização da administração do campo de Brasiléia, envio de relatores da ONU e ação imediata da OEA estão entre as providências sugeridas pela Conectas


    + antigas:
    02/05/2013
    Brasil põe fim à cota de 1200 vistos anuais a haitianos
    Para Conectas, política migratória brasileira não deve se limitar a ações de improviso como os ‘vistos humanitários’
    11/01/2013
    Conectas volta a questionar governo sobre ‘visto humanitário’ para haitianos
    Um ano depois, permanecem dúvidas sobre eficácia da ação
    12/04/2012
    Após quase 3 meses, governo anuncia oficialmente acolhimento de haitianos que estavam excluídos do “visto humanitário”

    A positiva e necessária acolhida de 608 haitianos é resultado de pressão da sociedade civil
    04/04/2012
    Solução brasileira para migrantes haitianos deve ser rápida, efetiva e transparente, diz Conectas

    Em resposta a questionamentos da sociedade civil, Secretário Nacional de Justiça anuncia pelo twitter que o Brasil incluirá haitianos que ficaram no “limbo” no 'visto humanitário', mas ainda faltam informações oficiais
    22/03/12
    Conectas cobra medida urgente do governo para mais de 400 haitianos excluídos do chamado ‘visto humanitário’

    Pessoas que se encontravam em trânsito quando a nova política do Brasil para acolhimento dos haitianos foi anunciada estão hoje em situação vulnerável




    FONTE
    MATÉRIA ORIGINAL:http://www.conectas.org/politica-externa/brasil-esconde-emergencia-humanitaria-no-acre

    CONECTAS DIREITOS HUMANOS
    São Paulo - SP - Brasil - Tel/Fax +55 11 3884-7440
    www.conectas.org   |   conectas@conectas.org

    segunda-feira, 12 de agosto de 2013

    MOCAMBO CULTURAL - COLETIVO DE ARTISTAS NEGROS E NEGRAS



    O Mocambo Cultural - Coletivo de Artistas Negros e Negras, fomenta intervenções culturais urbanas e experiências estéticas das artes afro-brasileiras. Prioriza a arte experimental, porém tem sua práxis poiética também referenciada nas artes tradicionais africanas e da diáspora,  com ênfase na poética afro-amazônica. Porém dilatando as fronteiras da estética e das africanidades, propõe uma guerrilha cultural anti-hegemônica. 
    Combate a discriminação racial no campo simbólico, porém monitora as políticas públicas e apoia todas as frentes de lutas, ou ações, pelos direitos humanos e cidadania negra - incluso o direito ás suas referências culturais de matriz africanas e seus patrimônios culturais. 
    No campo da Educação, o Mocambo Cultural presta assessoria pedagógica a escolas ou a comunidades que interessarem, e faz intervenções em Planos Políticos Pedagógicos, na implementação da Lei 10.639/03, e fomenta a criação observatórios populares desta Lei. Assim, apoia redes de ensino em ações educativas, por uma educação do SER - nas relações étnico-raciais –, além de realizar ou apoiar seminários, feiras culturais, realização de oficinas, cursos, pesquisas e produções artísticas nas escolas.


    quarta-feira, 7 de agosto de 2013

    A PRESENÇA NEGRA NO ESTADO DO AMAZONAS - POR JUAREZ C. DA SILVA JUNIOR .



     A PRESENÇA NEGRA NO AMAZONAS

                                                                                                                            * Juarez C. da  Silva Jr. - 2006

    A região Amazônica apresenta peculiaridades populacionais  e geográficas / ambientais que a tornam diferente das demais regiões do país.
    Dentre os vários mitos regionais um é o da inexistência ou baixa presença de população negra, tal mito se mantém devido em parte a generalizados conceitos étnicos errôneos e principalmente à baixa produção bibliográfica sobre o tema no contexto regional e a não sistematização e  disponibilização de dados até então dispersos, mas  que uma vez consolidados mostrarão uma realidade diferente do imaginário popular.
    O Movimento Negro, conceitos Antropológicos e Histórico-Sociais bem como o IBGE (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA) definem população NEGRA (Afro-descendente) como sendo a soma dos auto-declarados de cor preta  e parda, o que no caso do Amazonas reflete uma inexatidão devido ao fato da evidente origem indio-descendente da maioria dos  “pardos”  locais,  o que não  elimina o fato de que mesmo em minoria, significativa parcela dos pardos do Amazonas é Afro-descendente (O que pode e precisa ser determinado utilizando-se de pesquisas e técnicas de estatística populacional, mas até o momento não foi feito com respaldo e rigor científico).
    A população do Amazonas de acordo com o último censo do IBGE (2000) tem a seguinte composição no relativo a questão cor/raça :
    AMAZONAS
    Brancos 
    Pretos
    Pardos
    Amarelos (e Indígenas)
    24,8%
     3,7%
      65,7%
    4,4%
    Tabela 1
    Comparando apenas a população de cor preta com a Indígena, verifica-se “empate técnico” do ponto de vista estatístico, o que significa que dizer que “não há pretos no estado” seria o mesmo que dizer que “não há  indígenas no Amazonas”..., sendo estes últimos considerados  históricamente a base de origem populacional , mas há de se observar que população negra não é apenas a de cor preta..., mas sim a soma de cor preta e parda...,  ampliando então grandemente a representatividade dos afro-descendentes na população do estado.
    Observando os dados gerais brasileiros nota-se que a população parda de origem Afro em todas as outras regiões do pais onde não ocorre esta peculiaridade, é “grossus modus”  sempre de 4 a 6 vezes maior que a auto-declarada preta e na média nacional cerca de 7,5 vezes maior,  em teoria não há motivos que indiquem que tal fenômeno não se repetiria no Amazonas , o que em hipótese faria com que  a população parda de origem Afro no Amazonas fosse estimada na ordem de 22% da população o que somado aos 3,7% de pretos auto-declarados giraria em torno de 25% da população do estado (ou seja...,  A MESMA PROPORÇÃO DE POPULAÇÃO "BRANCA",  SEIS VEZES MAIS QUE A POPULAÇÃO INDÍGENA E A METADE DA POPULAÇÃO PARDA INDIO-DESCENDENTE), DESMONTANDO ASSIM O MITO DA INEXISTÊNCIA OU INSIGNIFICÂNCIA DA PRESENÇA NEGRA NO AMAZONAS.

    Do ponto de vista histórico, a  presença negra no estado também é evidenciada, o Amazonas teve aporte de escravos oriundos do Pará e Maranhão, verificável em  documentos e relatos de época,  bem como em consequências culturais no estado como o tambor de mina e o boi-bumbá , o Amazonas foi o segundo estado do país a abolir a escravidão (4 anos antes da lei Áurea de 1888) após uma campanha abolicionista de 16 anos largamente documentada, teve a AFRICAN HOUSE e no pós-abolição conhecidos “bairros negros” como a Vila São José (onde hoje é a praça da saudade) , seringal mirím , a tradicional praça 14 e o  Zumbi dos Palmares,   teve também o primeiro governador Afro-descendente do Brasil (Eduardo Ribeiro) em fins do séc. XIX, presença histórica de negros barbadianos e seus descendentes. Recentemente começaram a ser mapeados remanescentes de quilombos em áreas no interior (Manaquiri, Novo Airão, Rio Marau (Maués))
     
    Governador Eduardo Ribeiro

     Em 1865 o conhecido zoólogo e geólogo do século XIX Louis Agassiz veio para o Brasil comandando a Expedição Thayer  (apenas para esclarecer, Agassiz era um convicto racialista e racista que defendia as ideias do que seria conhecido por Eugenia, e  seus registros da população negra/miscigenada  tinham como intenção corroborar com suas teorias racistas), porém o registro produzido pelo fotógrafo oficial da expedição quando da passagem por Manaus,  hoje tem um efeito positivo, ajudar a desconstruir a falaciosa ideia de que "na Amazônia a escravidão negra e a notada presença populacional afro, não existiram ou foram ínfimas", abaixo fotos feitas na época com parte dessa população invisibilisada pelo senso comum:Do ponto de vista cultural
    Arte e Cultura
    A presença negra na cultura do Amazonas apesar de costumeiramente  negada é muito perceptível , basta observar por exemplo o enorme consumo de vatapá (comida típica de origem africana)  em toda e qualquer festa,  a própria manifestação cultural símbolo e orgulho da identidade amazonense, o Boi-Bumbá (originado a partir do bumba-meu-boi ), foi introduzida em Parintins por um negro descendente de escravos maranhenses, Lindolfo Monteverde, no auto do boi-bumbá são os protagonistas principais (além do boi...)  pai Francisco e mãe Catirina (ambos negros).

    O neto e retrato de Lindolfo              Pai Francisco e Mãe Catirina do  Boi Garantido

     
    A escola de samba pioneira de Manaus nascida no reduto negro da praça 14 , a Vitória Régia é também um destes pontos de visibilidade. Juntamente com o conhecido "barranco" e imediações onde ainda hoje residem muitas famílias negras

     
    A contribuição de afro-descendentes naturais do Amazonas ou aqui radicados no campo da cultura  por vezes tem atingido proporções nacionais como o  famoso compositor Chico da Silva,  ou mesmo internacionais como grupos de capoeiristas amazonenses dando aulas na Coréia, Europa e Jamaica, além de diversos grupos de samba e interpretes consagrados em outros ritmos como Cileno no Reggae, Elisa Maia no "pop black"  e a família Kingston nos  tradicionais repertórios de festas de formatura... ou ainda de artistas fortemente influenciados pela cultura negra como a internacional Marcia Siqueira e diversas bandas de reggae e grupos de HIP-HOP.

    Chico da silva                    Cileno                  Elisa Maia              Marcia Siqueira                       Marrela Kingston        Bahia Davis e Mestre KK Bonates

    Apresentação do grupo de Capoeira Cativeiro

    A Cultura HIP-HOP de base negra, também é presente entre a juventude Amazonense de todos matizes.

    Religiosidade
    Há farta documentação sobre a presença de cultos afro em Manaus desde fins do séc. XIX e a presença de milhares de terreiros nos dias atuais (segundo estimativas da Confederação Amazonense de Religiões de Matriz Africana, mais de 4.000 terreiros). A presença da religiosidade Afro já se faz sentir onde antes era ignorada ou em espaços anteriormente negados.
    Culto Afro-Católico concelebrado pelo Bispo auxiliar de Manaus e Sacerdotes do Culto-Afro - Igreja São Benedito 2005

    Apresentação Dança do Orixás- Praça São Sebastião - 2005
    A religiosidade Afro do Amazonas adquire respeito também no espaço político


    Assembléia Legislativa, 2005
    Durante o séc. XX novos fluxos migratórios da Pará e nordeste (notadamente Maranhão) trouxeram mais negros para o estado, além do constante trânsito de integrantes das forças armadas e familiares.  

    Movimento Negro
    O Movimento Negro do Amazonas tem atuação e reconhecimento público desde os anos 70/80, através do Movimento Alma Negra fundado pelo falecido Nestor Nascimento, advogado e notório defensor dos Direitos Humanos, tendo sido o mesmo recebido inclusive na Casa Branca em Washington.

    Nestor Nascimento em Washington
    Após período de baixa atividade, o Movimento Negro Amazonense retomou a partir de 2003  intensa atividade através do Movimento Orgulho Negro (do qual surgiu o AFROAMAZONAS)
     











    Da articulação de individuais e grupos ligados a outras vertentes da negritude como as Federações de cultos de matriz africana, Pastorais da Igreja católica, Capoeira, Estudantes e Professores Universitários, Movimento Hip-Hop, Grupos Folclóricos, Setorial de combate ao racismo do PT, etc..., a consolidação do Movimento Negro no estado se deu com a criação do FOPAAM- Fórum Permanente dos Afro-descendentes do Amazonas em meados de 2004,  que congrega os vários individuais e grupos de negritude locais  e integra o estado à Rede AMAZÔNIA NEGRA que interliga os movimentos dos estados da região norte. O estado teve em 2005 duas grandes Conferências de Promoção da Igualdade Racial e participação na 1ª Conferência Nacional e tem sido representado em vários eventos externos, tendo inclusive interagido e recebido a visita da cúpula da SEPPIR – SECRETARIA ESPECIAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL  (incluindo a própria Ministra) .


    Para maiores informações, estatísticas, artigos e informações sobre atividades e contato visitar os sites do FOPAAM : www.fopaam.amazonida.com e do AFROAMAZONAS : www.movimentoafro.amazonida.com .
    FONTE: